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“O cara que inventou a roda era um idiota. O cara que inventou as outras três é que foi um gênio.” – Sid Caesar
A invenção do Container foi algo disruptivo. Para o transporte marítimo foi algo equivalente à invenção da roda. Em 1937 o americano Malcom McLean, ao observar como era lento o embarque de fardos de algodão no porto de Nova Iorque, teve a ideia que revolucionou o processo de carga, descarga e movimentação de mercadorias. Malcom McLean era motorista e dono de uma pequena empresa de caminhões.
O McLean ensinou: "A ship earns money only when she's at sea" (Um navio ganha dinheiro somente quando está no mar.). Ele baseou o seu negócio em ganhar eficiência. De fato, a redução do tempo de carga e descarga do navio e consequente redução dos custos envolvidos foi revolucionário.
Já abordamos em três artigos o diferencial que a velocidade pode trazer ao seu negócio. Você pode ler estes artigos aqui: Tempos velozes, Tempos Velozes II e Tempos Velozes III. Aqui vamos abordar qual deveria ser a abordagem correta na gestão da movimentação de containers e o seu impacto para o Sistema de Gestão de Transportes, o TMS.
Desde o seu nascimento o container está ligado ao transporte marítimo de mercadorias. Óbvio que o início e o término do transporte são feitos em um caminhão e, apesar de possível, é raro que uma perna rodoviária não esteja contida num transporte marítimo. Isso não envolve apenas o transporte internacional mais conhecido como Longo Curso, mas também a movimentação entre dois portos nacionais, também conhecida como Cabotagem.
Este é um assunto muito familiar para a Signa. Temos o orgulho de ter o nosso TMS em uso pelos três armadores que movimentam a Cabotagem de Containers no Brasil.
A gestão da movimentação de Containers não consegue ser eficiente sem a gestão de todo o processo, seja ele uma Importação, Exportação ou Cabotagem. Os Navios têm Schedule e a operação é feita em sincronia com o mesmo. É muito diferente do modal rodoviário, onde há fartura do ativo caminhão e este não é considerado como gargalo.
A gestão da movimentação normalmente tem que suprir a demanda alocada pelo Embarcador num determinado navio, seja para retirar ou enviar containers para o mesmo.
Há uma série de tarefas que fazem parte de cada movimentação individual e que tornam a operação mais complexa. No transporte é necessário retirar ou devolver um container para um terminal de vazios. O container, para ser entregue vazio no Embarcador, precisa ser agendado. O mesmo ocorre após ele ser ovado (carregado), precisa agendar a retirada. Finalmente, quando for entregar um container cheio, é necessário agendar a data da entrega. Após a entrega o processo não termina: há ainda o agendamento para retirar o container vazio ou no mínimo a gestão caso esse container vá permanecer lá para ser usado em um outro Embarque.
O mais normal é haver apenas um agendamento com o Embarcador em qualquer operação de transporte de um container, onde o caminhão aguarda o container ser ovado ou desovado. Mas ocorrem alguns casos onde o veículo que leva o container para ova ou desova não fica aguardando este processo, e é necessário agendar outro veículo para retirar o container após o processo.
Até assuntos de BackOffice são afetados por esse processo. O Embarcador pode, por exemplo, solicitar o faturamento de todos os containers retirados de um navio numa única fatura.
Além disso há uma extensa documentação a ser produzida e muitas informações se repetem nos vários documentos que são utilizados. Repare que um único container pode precisar de dois transportes que serão feitos em dias diferentes e normalmente por veículos diferentes.
Foi por esse motivo que fizemos um módulo específico para tratar este tipo de operação, porque a mesma tem particularidades únicas e que requerem funções também únicas e desenhadas para permitir a gestão eficiente de todas as movimentações.
O maior gargalo hoje no transporte de container está na burocracia ainda existente. Mesmo em tempos de conhecimento e manifesto eletrônico, ainda precisamos de alguém como o McLean que atue na questão legal; no doméstico isso ainda pega, mas é pior quando se trata de um transporte internacional. Essa burocracia aliada às características específicas geram a necessidade de um TMS que prime na sua estrutura pela visão desta complexidade.
Você pode ler a respeito da extraordinária trajetória do McLean aqui, e eu farei um spoiler para concluir: o McLean não apenas revolucionou o transporte marítimo. Ele abriu uma empresa de navegação para usar a sua invenção e baseado nessa inovação ele fez novamente história. O McLean vendeu a sua empresa, que se chamava Sealand, em 1969, por US$ 530 milhões de dólares. A empresa foi vendida para a Maersk em 1999 e virou a Maersk-Sealand, hoje conhecida como Maersk Line, que é simplesmente o maior armador mundial.
Nuno Figueiredo
Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.
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