Tempos Velozes III

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Nuno Figueiredo

13 de jul de 2009

· 3 min de leitura

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Tempos Velozes 3
Rapidez
Agilidade
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"Uma mulher consegue gerar um bebê em nove meses, não importa quantas mulheres grávidas sejam envolvidas". É simples assim. Existem coisas que não podem ser aceleradas. Desde o tempo para a gestação de um bebê, até o tempo necessário para o crescimento de uma árvore.

Nem tudo pode ser feito de forma mais rápida. Existem gargalos, onde o tempo mínimo de todo o processo está limitado ao tempo da tarefa mais lenta e crucial que não pode ser alterada e existem tarefas que demandam muito tempo, e há pouco ou quase nada que possa ser feito a respeito, como nos casos acima.

Isto é importante, porque o gargalo pode estar em qualquer lugar, nas pessoas envolvidas, na tecnologia utilizada, na cultura da empresa, no segmento do mercado, no cliente, enfim em qualquer um destes pontos e, em alguns casos, em todos eles.

Além disto, existe o volume envolvido. Maior volume significa maior dificuldade para fazer o processo rodar. Um processo, às vezes, pode estar ruim e ainda assim pode funcionar, porque o volume envolvido é baixo. Aumente o volume e aparecerão os problemas.

Numa aula de Lean Six Sigma que tive durante o MBA em Irvine-CA, o professor fez uma dinâmica com 6 alunos, que faziam tarefas simples como desenhar um círculo, um quadrado e um triangulo em um papel em branco, cada qual representando uma etapa de um processo de produção de um produto. Cada nova folha em branco era um pedido e havia um infeliz que transportava a folha em branco de um processo para outro. Finalmente havia um controle de qualidade e o pedido era levado até o cliente.

Na primeira rodada, para atender a 20 pedidos, tudo fluiu como um relógio. Tudo foi cronometrado, a performance foi calculada, e obtivemos os indicadores de desempenho da tarefa. Na segunda rodada, com 100 pedidos nos mesmos cinco minutos, adivinhe o que aconteceu? Foi um desastre. Virou um caos. Todos os indicadores foram péssimos e no meio da anarquia e confusão generalizada, nós demos muita risada com aquela atividade.

Na vida real, quando isto ocorre, não há a menor graça. O sucesso de vendas pode se transformar num inferno operacional.

Concluindo a trilogia sobre os tempos velozes, no primeiro momento chamamos a sua atenção para a era da velocidade e ponderamos a respeito da importância de saber para onde se deve correr, antes de simplesmente sair em disparada. Na segunda abordagem procuramos evidenciar o impacto dessa nova era em um mercado específico, que é o de transportes e logística, mas a reflexão é aplicável para outros cenários.

O tema é rico e permite outras visões, mas não quero abusar da sua paciência e exaurir o assunto, por isto concluo mostrando que por mais acelerado que estejam os tempos atuais, temos restrições que devem ser consideradas, como a natureza nos ensina, como no caso dos "babies", nem tudo pode ser acelerado. Graças ao bom Deus.

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

Foto: Freepik

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