O que é o TMS para a Carga Fracionada?

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Nuno Figueiredo

19 de jan de 2022

· 5 min de leitura

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Diz o ditado que o diabo está nos detalhes. Adaptando o ditado para o transporte de Carga Fracionada, eu diria que o diabo está na quantidade de volumes.

Existem duas dimensões difíceis de lidar quando falamos de carga fracionada: o controle do custo e como lidar de forma eficiente com um alto volume de cargas.

Ao contrário da carga completa, na operação fracionada não temos a certeza de que usaremos bem os veículos alocados. Numa operação tradicional esta operação é decomposta em três pernas: a coleta, a transferência e a entrega. É possível terceirizar uma parte ou até todo o transporte, ainda assim quem pegar o bastão vai chegar nas inevitáveis três pernas do transporte.

Isso é o mínimo, mas pode haver mais. Não raro uma carga pode passar por mais de um processo de transferência ou de entrega.

Há um controle direto sobre o quanto se cobra, mas há muita incerteza a respeito dos custos envolvidos nas várias pernas, sejam estas feitas com veículos próprios ou com veículos subcontratados. Não é possível prever qual será o índice de ocupação dos veículos envolvidos. O mais prático é trabalhar com a dimensão R$/kg no preço e no custo, ainda assim, não é simples medir a eficiência e a lucratividade de uma operação fracionada.

Uma forma simplificada de obter o custo é precificar cada deslocamento do veículo de forma a ratear o seu custo pelos documentos envolvidos. Um único documento de receita (CTE) passa a ter até três componentes de custo direto: Coleta + Transferência + Entrega, mesmo que cada um destes componentes possa ter mais de uma ocorrência, como no caso de 2 transferências para a mesma carga.

Não tenho a intenção de descer no nível matemático da coisa, meu ponto é tornar clara a complexidade. Os principais pontos a serem considerados:

  • O mesmo documento de receita está presente em mais de uma viagem.
  • A despesa de cada viagem precisa ser rateada por mais de documento. Este processo de rateio em geral tem muitas regras a serem consideradas.
  • A receita da viagem não vem diretamente da receita dos documentos, mas de uma parte dela, visto que essa receita total precisa pagar pelas três pernas do processo.

Se você ainda usar Frota Própria ainda entra no tema de como usar de forma eficiente esses ativos. Escrevemos a respeito desse tema no Post Dicas para chegar aos resultados para quem tem frota própria.

A gestão eficiente de custos é fundamental em qualquer negócio. Na carga fracionada é comum os centavos fazerem a diferença, porque o volume é considerável, logo qualquer item impacta o resultado final de forma mais contundente.

Outra questão muito relevante é o volume de cargas. O processo de documentação se torna mais moroso. Não é só a emissão do CTE, a impressão do DACTE, a impressão das etiquetas (uma para cada volume), manifestar as cargas, mas o tempo que cada processo demanda.

Falamos a respeito de como o volume pode trazer o caos para processos que não contemplem esta preocupação no Post Tempos Velozes III.

O tempo não é critico para um documento, mas quando você precisa emitir dois mil CT-es por dia, por exemplo, os gargalos se tornam evidentes. E olha que eu não estou falando dos maiores players, pois existem empresas que emitem cerca de 200 mil CT-es em um único dia.

Para isso ferramentas como robôs, que permitem o processamento em lote, e de forma assíncrona, deixam de ser uma mão na roda e passam a ser essenciais.

Para citar alguns exemplos, abaixo descrevo alguns processos em lote necessários ao Operacional:

  • Absorção em lote de NF-e
  • Geração em lote de CT-e
  • Autorização em lote dos documentos na SEFAZ
  • Impressão em lote de DACT-e
  • Impressão em lote de etiquetas
  • Geração automática de MDF-e

Isso não contempla todos os robôs necessários num TMS que trate a Carga Fracionada. Por exemplo, o robô que permite o faturamento automático de documentos é outro exemplo de uma ferramenta muito importante para a operação.

Finalmente, é comum a terceirização de parte da demanda. Se a operação envolver o modal aéreo há a necessidade de gerir a cia aérea e o agente. Já detalhamos este caso no Post O TMS para o Rodo Aéreo.

No caso do redespacho, principalmente, há muita subcontratação de parceiros que cuidem da entrega em regiões não atendidas pela empresa. Neste momento o transportador se porta como um Embarcador ou um Operador Logístico.

A necessidade de gerenciar e auditar o frete subcontratado por si só já tem os seus vários procedimentos e, novamente, o volume de notas e documentos a serem auditados torna a necessidade de ferramentas que automatizem o processo algo imprescindível.

Os gargalos que advém do crescimento de uma operação de carga fracionada nem sempre são visíveis. Às vezes, os resultados começam a piorar conforme o volume aumenta. Parece que, quanto melhor o desempenho do comercial, mais carga entra para ser transportada, porém, o lucro começa a ir na direção contrária. A velocidade e dinâmica da operação geram muitos ruídos operacionais e, no meio desse barulho, é difícil parar e diagnosticar onde há o desarranjo, e quais são os gargalos.

Você tem a bússola do resultado indicando que há um desvio de rota e nessa hora você passa a concordar que o diabo está mesmo nos detalhes. E um alto volume não é um mero detalhe.

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

Foto: Freepik

 

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Ultimos comentários

Hélio Sá

Bem isso mesmo! Nem sempre crescer, quer dizer lucro.

Ricardo Vigolo

Trabalhei muitos anos em transportadora, de carga completa e fracionada, tenho amplo conhecimento daquela época, hoje muitos nomes mudaram, evolução, os equipamentos, tudo evoluiu...