Nem tudo é unicórnio, e daí?

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Nuno Figueiredo

17 de dez de 2019

· 5 min de leitura

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Há alguns dias participei do primeiro encontro de fornecedores da Transportadora Covre, evento que fez parte da celebração de 50 anos da empresa.

Hoje celebramos muito as startups, os negócios exponenciais e os unicórnios, empresas que passam de 1 bilhão de valor de mercado. Esquecemos duas coisas importantes: a grande maioria das startups quebra em menos de dois anos, e os unicórnios são uma exceção vistosa, porém uma exceção.

É muito bom ver uma empresa tradicional completando 50 anos. É fruto de muito trabalho, muita dedicação. É uma empresa feita para durar, baseada em crescimento orgânico e sustentável.

Se você ouvir muito alguns gurus, vai acabar achando que somente empresas digitais, na nuvem, e que podem escalar exponencialmente, terão vez no mercado. Isso é algo que a realidade, cedo ou tarde, vai ajeitar. Não sei até onde perduram essas estruturas montadas para receber investimento, cujo plano de negócios é crescer baseado em aportes cada vez mais robustos.

Ao invés de empresas feitas para durar, viramos o norte para empresas feitas para vender.

Esse evento me lembrou que ainda há empresas que viram gerações se reinventando, inovando, ampliando seu mercado, sua expertise, as tecnologias que usa e tornando o seu nome uma referência de profissionalismo.

E não se trata de ir contra a Nova Economia, sou fã desta onda e acho que todos tem muito a aprender com ela. Me refiro mais a modismos, como ensina o Adriano Silva:

“A APROPRIAÇÃO RASTEIRA DO DISCURSO DE INOVAÇÃO ABRIU CAMINHO PARA A PAROLAGEM DOS 'EMPREENDEDORES DE PALCO'”

Na esteira do modismo temos uma nova corrida do ouro. Como ocorreu antes, a maioria que ganha dinheiro não é o garimpeiro, mas os que vendem as ferramentas e serviços, para que milhares possam ir de encontro às jazidas que poucos encontram.

E só chamar o consultor ou assistir a um bom evento que dê o caminho das pedras.

“Muitos dos “empreendedores de palco” ganharam essa alcunha porque vendiam experiências que não tinham tido de verdade. Havia um bocado de gente falando com grande propriedade de coisas que desconheciam. Dando depoimentos sobre coisas que não tinham vivido. Ensinando a aumentar o faturamento sendo que a sua primeira nota fiscal tinha sido emitida justamente por conta do seu workshop sobre como aumentar o faturamento e-x-p-o-n-e-n-c-i-a-l-m-e-n-t-e.”

Se quiser saber mais leia este artigo imperdível: A IGREJA NEOPENTECOSTAL DO EMPREENDEDORISMO.

O ponto é que os negócios tradicionais ainda são e continuarão sendo necessários. Obviamente eles terão que se adaptar, e em alguns casos, se reinventar.

Num mundo mais robotizado, a transportadora que conhecemos hoje será muito diferente. Se alguém sabe dizer como isso vai ocorrer está chutando, mas vale sempre a pena imaginar cenários. A única certeza é que a realidade nunca será igual ao cenário imaginado.

Ao invés de ficar prevendo a morte de quase tudo o que existe num futuro exponencialmente digital, talvez o mais sensato seja intuir que haverão mudanças drásticas e importantes que irão transformar, mas não necessariamente eliminar tudo que existe hoje. A figura abaixo ilustra bem este sentimento.

Podemos pegar como exemplo o e-commerce. Tudo será comprado pela Internet. Grandes varejistas como a B2W, Via Varejo e Wall Mart lançaram seus projetos de e-commerce totalmente apartados de suas operações físicas. Eram duas empresas distintas dentro da mesma.

Na contramão, o Fred Trajano, na Magazine Luíza montou uma operação de e-commerce junto com a sua operação física, num conceito que o mercado hoje chama de “Omni-Channel commerce”. Agora é óbvio dizer, o cliente é um só, não importa se ele compra on line ou na loja. Entender isso faz com que você possa devolver ou retirar um produto comprado on line na loja mais próxima, simplificando a vida do cliente.

Os números da Magazine Luíza mostram quem fez a aposta certa. Hoje todos estão trabalhando para unir as operações virtuais e físicas numa única estrutura, uma única visão de estoque, com mais sinergia.

Lá fora vemos a Amazon começando a investir em presença física. Em algum momento tem que haver um maior contato com o cliente. Nem tudo pode ser 100% digital.

Em São Paulo, a Zissou, startup que vende colchão somente pela Internet, montou uma loja conceito em São Paulo. Para o consumidor poder ter maior contato com a marca e também para eles terem feedback dos clientes em relação aos produtos. A Zissou é uma empresa nativamente digital que já entendeu que não dá para ser só digital.

Isto não minora o desafio que empresas tradicionais como a Covre têm que enfrentar. Não há nenhuma empresa no mercado que não tenha que prestar atenção ao furacão da Nova Economia e se adaptar. Eu confio que há muito aprendizado e experiência numa jornada tão longa. Resultado baseado em muito trabalho e excelência nos serviços que presta. Acho que isso ainda faz parte da receita de sucesso de qualquer empreendimento. Torço que isso possa energizar a companhia para que ela esteja por aqui nos próximos 50 anos.

 

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

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Demetrio

Parabéns a Covre Empresa impar no mercado de Transportes de cargas. Tenho orgulho de ser um colaborador Da Covre transportes.temos muito a contribuir com transporte para nosso País.onde Segurança, Qualidade e Responsabilidade e Nosso Diferencial.