E como fica a economia?

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Henri Coelho

16 de jun de 2020

· 5 min de leitura

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Muitos pensam que só há 2 escolhas no momento atual, com a pandemia alterando muito nosso modo de vida: ou você se preocupa em como minimizar o número de mortos, ou você se preocupa com a economia e com o que vai ocorrer com grande parte das empresas e pessoas se esta situação perdurar.

Acho que precisamos ter um planejamento para tentar conciliar, ao máximo, as duas preocupações. Não parece ser viável para ninguém que o modo de vida de isolamento social mais restritivo possa ser mantido indefinidamente. Muitas pessoas estão sem rendimentos, muitos negócios fecharam ou vão fechar brevemente, muitos outros perderão o emprego e este tipo de situação, sem um planejamento de saída, não é sustentável no longo prazo.

Por outro lado fazer uma abertura precipitada, colocar todas as pessoas nas ruas como se não estivéssemos num período de exceção, deixar a pandemia se alastrar rapidamente e retirar das pessoas a possibilidade de conseguir se curar, pelo estrangulamento do sistema de saúde, não parece ser nem um pouco razoável também. E infelizmente esta parece ter sido a escolha feita pelos governadores nas últimas semanas.

Entendo que é necessário que o número de casos e de mortes entre inicialmente numa curva descendente antes de iniciarmos as flexibilizações da quarentena. O modo como foi feito, especialmente na cidade de São Paulo, na última semana, parece ser a receita certa para que o número de casos cresça bastante ao invés de começar a diminuir, e daí talvez se fale em um lockdown em pouco tempo.

Acho que vamos precisar de um modelo híbrido. Passarmos por um período de isolamento, com parâmetros pré-definidos, que nos permita saber quando vamos poder ir para a próxima fase, com funcionamento da economia de forma mais normal, até que a proximidade de um novo estrangulamento nos hospitais nos obrigue a um novo período de isolamento. Mas iniciando isto num período em que seja possível fazê-lo.

Se todos puderem ter confiança nos números, se não houver vitimização, com pessoas achando que o outro está trabalhando contra, simplesmente por sustentar uma posição diferente da sua, podemos chegar a um meio termo onde possamos cuidar da saúde e da economia, cada um a seu tempo, e podemos chegar a algo que seja sustentável até podermos chegar a uma das duas possibilidades abaixo:

  • A maioria da população pega o vírus aos poucos, com a menor mortalidade possível pois o sistema de saúde conseguiu não ficar sobrecarregado ao longo do tempo, de forma que se chegue à imunidade de rebanho já tão falada.
  • Surge algum medicamento realmente eficaz, ou uma vacina que possa proteger a população, de forma que não seja necessário realmente que passemos por períodos de isolamento.

Há um artigo no New York Times que fala sobre isto, e que você pode acessar aqui; neste artigo são discutidos alguns cenários interessantes.

A figura abaixo está nesse artigo:

O modelo proposto no artigo é: toda vez que o número de infecções ativas passar de um patamar pré-estabelecido, onde poderia começar a trazer problemas para a rede hospitalar estabelecida, seria iniciado um período de distanciamento físico, e as pessoas entrariam em quarentena. Quando o número de infecções ativas diminuísse também abaixo de um patamar, não seria necessário manter a quarentena e voltaria e uma vida mais próxima do normal, ou do “novo normal”.

Aos poucos o período de distanciamento físico iria ficando menor, e o período de atividades “normais” ficaria maior. Neste meio tempo mais pessoas foram, paulatinamente, expostas ao vírus, o que faria com que se chegasse, no longo prazo (estima-se mais de 2 anos) à chamada imunidade de rebanho.

Das várias possibilidades que vi, acho que esta acima é mais razoável. Muitos estão com uma sensação de que, com a abertura feita em todo o estado de SP, onde vivo, há uma tendência de explosão do número de casos e de piora na situação em poucos dias, evidenciando a má escolha do momento da abertura do comércio.

Finalizo com uma citação de Bill Gates, que disse numa edição do TED, há 3 meses, que seria muito difícil dizer as pessoas a frase a seguir:

“Ei, vá a restaurantes, compre casas novas, ignore a pilha de corpos ali no canto, queremos que você siga gastando porque talvez haja algum político que pensa que o crescimento do PIB é o que importa”.

Obs: apenas como dica para quem for ler o texto do NYTimes e preferir a leitura em português, clique com o botão direito em qualquer parte do texto no site e escolha “Traduzir para o Português”. Os resultados atuais das traduções estão cada vez melhores.

 

Henri Coelho

Sou fundador da Signa, casado e pai de um casal de filhos que saíram melhor que a encomenda. Já nasci corinthiano, gosto muito de futebol, vôlei e xadrez, também de matemática. Podem torcer o nariz.

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Ultimos comentários

Denise Tucciarelli

Muito bom! Sem equilíbrio nas decisões e atitudes de todos, não sairemos disso.