Intuição e Experiência

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Nuno Figueiredo

09 de jun de 2021

· 3 min de leitura

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Samuel Klein, fundador das casas Bahia, uma pessoa simples e com pouca instrução, cuja empresa e sucesso dispensa maiores comentários.

Nenê Constantino, fundador do grupo Áurea, um dos maiores grupos de ônibus do Brasil.

Júlio Simões, fundador do Grupo Júlio Simões, maior transportador do Brasil pelo ranking da Gazeta Mercantil. Português que emigrou para o Brasil, não tem grau superior, e como os exemplos acima, parece que não lhe fez falta.

A maior parte das empresas de transporte deste País, possui a mesma origem; antigos caminhoneiros que empreenderam e fundaram empresas de sucesso.

Este tema sempre me despertou a curiosidade: o quanto é relevante a escolaridade e o quanto ela é determinante no sucesso empresarial. Muitas pessoas com doutorado não possuem metade da capacidade de gestão dos acima citados, para não falar da capacidade de gerar resultados. Eu sou um defensor do estudo. Acho que estudar tem que ser uma rotina que vai além do nível superior. É tarefa para a vida toda. Uma reciclagem constante, a tal da educação continuada. Por isso me intriga tanto o tema, quando eu ouço de alguém: “o fulano nunca estudou e está muito bem de vida”.

Qual o segredo desses empreendedores de sucesso, que “chegaram lá” sem ter que estudar tanto? Não tenho a resposta completa, mas tenho alguns ‘achismos’:

A contabilidade nos ensina o princípio da prudência. Reservar parte do lucro para fazer frente a futuros problemas, ter reservas, como a depreciação, para poder renovar os bens usados na produção, seja uma máquina ou um veículo. Nos ensina que o lucro não é dinheiro no caixa, que não pode ser gasto porque senão alguma obrigação ficará descoberta.

E quem não estudou contabilidade? Estes têm como característica pessoal um estilo de vida simples e um uso muito cuidadoso do dinheiro. Uma cultura conservadora de não se gastar mais do que se ganha, algo simples e muito eficaz, feito por muito poucos.

A outra parte vem do que podemos chamar de “tino comercial”, pessoas que são exímios negociadores e que entendem de gente, ou seja, são hábeis em se relacionar e em descobrir talentos que os ajudem a empreender, pessoas que trarão o conhecimento que eles não têm, mas que podem comprar.

A última parte é um espírito empreendedor, de identificar oportunidades e assumir riscos controlados, que na falta de um nome melhor vamos chamar de intuição.

Não tenho dúvidas que alguém que una esses dons, a experiência e o preparo acadêmico, vai gerar resultados ainda maiores. Este é o desafio da chamada segunda geração de uma empresa, quando os filhos que tiveram uma oportunidade de estudar e tiverem uma formação mais sólida, assumirem os negócios, sob o olhar atento dos seus pais, que irão treinar os herdeiros em toda a expertise possível que a experiência acumulada lhes forneceu. Não é sucesso garantido, até porque alguns componentes dessa fórmula dependem muito de características pessoais e atitudes como a vontade de trabalhar de forma árdua e persistente, assim como os pais o fizeram.

Feitas essas ressalvas, eu acredito muito nessa nova geração que aliará o legado da experiência com as modernas práticas de gestão, uso de tecnologia, entre outras.

Veja o exemplo da segunda geração da família Constantino, fundaram a GOL Linhas Aéreas, cujo sucesso “meteórico” evidencia o potencial de realização que contraria o dito popular: “pai rico, filho nobre e neto pobre”...

 

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

 

Foto: Freepik

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