Se o Itaú está sem dormir, imagina o resto

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Nuno Figueiredo

10 de set de 2019

· 6 min de leitura

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Itaú
transformação digital
inteligência artificial
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O presidente do banco Itaú, Roberto Setúbal, afirmou que não tem as respostas para a Transformação Digital.

“Não temos a resposta para o que queremos e isso nos angustia toda noite”

Estamos falando de um banco que teve só R$ 7,034 bilhões de lucro no segundo trimestre. É isso mesmo, 7 bilhões de lucro em três meses. Se o presidente dessa máquina de ganhar dinheiro está sem dormir, é porque ele entendeu o tamanho do problema.

Ele é sincero ao dizer que eles não têm as respostas para o que vai ocorrer com mercado financeiro. A priori ninguém tem. Eles têm, no entanto, algo importante, não estão parados e tem em mente que terão que se adaptar, se reinventar.

Se isso é um problema para o Itaú, é para todo mundo.

Você pode ler a matéria completa do Estadão neste link.

Transformar x mudar

A Martha Gabriel é alguém que você deveria seguir quando o assunto é Transformação Digital.

Ela afirma:

80% de nossos colaboradores não estão prontos para a transformação digital na empresa e na própria carreira.

A Martha explica que a mentalidade digital requer que se pare de replicar coisas do passado. E ela dá a diferença entre transformação e mudança. Isso é importante porque o mundo sempre mudou o tempo todo, logo não há novidade em dizer que temos sempre que nos adaptar às mudanças.

Para ela, a transformação é uma mudança de estado, algo permanente. Ela é um processo temporário porque uma vez que ocorre cessa o processo. Você está diferente de forma efetiva.

Já a mudança é reversível, você não permanece no novo, você volta ao estado anterior. Logo a mudança seria um processo cíclico e permanente. Mudança dá trabalho e dá problema, por isso ela não seria tão efetiva.

Nesse jogo de palavras, no final fica claro porque se emprega o termo Transformação Digital.

O uso de uma vírgula derrubou um avião

Em 3 de setembro de 1989 o avião da Varig caiu no meio da noite na floresta amazônica. Das 54 pessoas a bordo, 12 passageiros morreram e 17 ficaram gravemente feridos.

O inusitado é que o principal fator, não o único, foi o uso de uma vírgula. Isto ocorreu no processo de implantar o plano de voo computadorizado. A reportagem do UOL explica o problema com a vírgula.

Até aquela época, utilizavam-se apenas três dígitos para inserir a orientação do rumo que a aeronave deveria seguir. Com os novos planos computadorizados, esse campo passou a contar com uma casa decimal, passando a ter quatro dígitos ao todo.

Com isso, houve uma confusão na hora de se programar os instrumentos do avião, que deveriam conter a rota 027,0°, e não 270°. Com isso, em vez de se dirigirem ao norte, em direção a Belém, acabaram indo para o oeste.

Um caso real e trágico que nos alerta que não basta automatizar, temos que cuidar dos humanos que vão usar o novo.

Você pode ler o artigo da UOL neste link “A história do avião da Varig que caiu na Amazônia por causa de uma vírgula”.

Inteligência Artificial para companhias aéreas

Várias startups estão oferecendo soluções com o uso de inteligência artificial para as companhias aéreas.

Enquanto isso atuar em chatbots, sites e BackOffice tudo bem. O problema é que isso virá também para melhorar a manutenção de aeronaves. Você pode ler mais a respeito neste link.

Esta é uma indústria onde a inovação não pode ser acelerada demais. A segurança é um freio natural para a inovação, logo padrões rígidos de segurança impõem etapas de testes e certificações que não podem ser desprezados.

Basta lembrar dos acidentes que levaram a Boeing a retirar de uso o 737 Max 8. A causa do acidente? Mecanismos essenciais de segurança eram vendidos como opcionais e, claro, problema no software. Você pode ler a respeito neste link.

A LGPD ainda não chegou, isso não significa que está tudo liberado

A loja conceito da Hering localizada no Shopping Morumbi é um case interessante de Transformação Digital. Por mais que a tendência seja do crescimento do e-commerce, não veremos o fim das lojas físicas, mas elas serão muito diferentes.

Neste sentido este case da Hering é interessante. A loja tem todas as mercadorias com tag RFID. Além da tecnologia permitir um controle de estoque em tempo real, melhora a experiência do consumidor.

Ao entrar no provedor o sistema sabe que roupas você pegou e, numa tela touchscreen, ele sugere outras opções ou peças que combinam. Além de permitir você chamar o atendente.

Alvissareira a iniciativa da marca de abraçar o novo e experimentar tecnologias. Porém o cuidado com os dados do consumidor é algo novo e que veio para ficar. Já falamos a respeito do impacto que a LGPD vai provocar no mercado, trazendo novos riscos e necessidades de controle. Você pode ler a respeito no link “LGPD uma ameaça a vista?”.

A LGPD só entra em vigor em agosto de 2020, mas a preocupação com a segurança e uso de dados do cliente já tem que ser posto em pauta.

A matéria do Olhar Digital comenta que a Hering, nessa loja conceito, pode ter atravessado a linha de segurança no uso da tecnologia. Câmeras instaladas na loja captam a reação das pessoas a uma determinada roupa e, usando algoritmos de reconhecimento facial, o sistema identifica o cliente e registra, além da reação, os locais de preferência do cliente ao circular pela loja.

A Hering está sendo processada pelo IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor) por uso de reconhecimento facial sem consentimento. A multa pode chegar a R$ 97 milhões.

A empresa nega que esteja usando reconhecimento facial, mas sim detecção facial. Na prática o que ela argumenta é que sim, ela analisa o rosto, identifica aquele rosto de forma única e consegue saber as reações do indivíduo e ainda por onde ele transita. Ao não fazer o reconhecimento facial, ela está dizendo que não guarda em um banco de dados uma ligação entre esse rosto e um cadastro desse cliente.

Se isso for procedente, na minha opinião ela não está invadindo a privacidade de ninguém, visto que não é possível identificar o dono daquela informação, sendo estes dados estatísticos e anônimos, portanto, não se aplicariam nem se a LGPD já estivesse em voga.

Ainda assim o assunto é controverso e não há legislação específica sobre o uso da tecnologia de reconhecimento facial. A Hering, neste caso, paga o preço do pioneirismo.

Você pode ler a respeito da matéria do Olhar Digital neste link.

Post em pílulas mais curtas

Este post pegou algumas notícias que considerei mais interessantes e sobre as quais achei oportuno comentar. Apesar dos assuntos terem lá alguma relação, não há uma conexão direta entre eles. Estou testando algo diferente e adoraria saber a sua opinião a respeito.

 

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

Foto: Freepik

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