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Como Franklin Pierce Adams ressaltou: “Nada é mais responsável pelos bons e velhos tempos do que uma memória ruim.”
Temos uma tendência a achar que tudo era melhor no passado, éramos mais felizes, havia mais segurança e que o mundo está pior. Eis uma boa notícia: o mundo está melhor e esse achismo é pura falta de informação, e há fatos disponíveis para tirar essa conversa da mera opinião.
Já descrevi essa sensação há alguns anos no Post “Era melhor no Egito”. Volto ao tema amparado por dados muito interessantes.
Fonte: Livro Enlightenment Now: The case for reason, science, humanism, and progress – Steven Pinker
O psicólogo Steven Pinker fez um quadro comparando o mundo em 2017 versus o mundo 30 anos atrás. Separei 4 itens que considerei mais relevantes. É fácil notar que os números melhoraram, e muito, ao longo dos últimos 30 anos.
E de onde vem o nosso sentimento que estamos piorando? Pinker ensina que as notícias tratam de algo que acontece, nunca de algo que não ocorre. Você não verá um correspondente estrangeiro dizendo “estou transmitindo ao vivo de um país que está em paz há 40 anos”.
O médico Hans Rosling explica isso de forma mais didática. O mundo pode ser ruim e melhor ao mesmo tempo. Por exemplo, o número de pessoas vivendo na extrema pobreza caiu pela metade nos últimos 20 anos. Nenhum jornal têm a manchete que a extrema pobreza está caindo de forma incremental. E, claro, ainda há tanto a ser dito a respeito das mazelas dos que ainda vivem nessa condição, que você terá farto material para apoiar o conceito errado, ou seja, que o mundo está pior.
O Hans dedicou a sua carreira para provar que não existe um mundo dividido em dois. Por exemplo, pode o mundo ser dividido da seguinte forma: de um lado os países cuja população tem poucos filhos e a mortalidade é muito baixa, e de outro lado, os países onde a população tem muitos filhos e a taxa de mortalidade é alta. Esta é o tipo de divisão que naturalmente nos ocorre, dividindo o mundo entre os desenvolvidos e o resto.
O gráfico abaixo exibe na vertical o % de crianças que completam mais de 5 anos de idade e no eixo horizontal demonstra o número de bebês por mulher. Abaixo os dados de 1965, onde o mundo pode ser claramente dividido entre os países desenvolvidos e o resto. O Brasil está no resto nesse quadro.
Fonte: Livro Factfulness – Hans Rosling
A seguir o gráfico da mortalidade infantil em 2017. Uma realidade bem diferente.
Fonte: Livro Factfulness – Hans Rosling
Temos 85% da humanidade no quadrante considerado “Mundo Desenvolvido”. Hans Rosling afirma que não há nenhum país onde a mortalidade infantil aumenta, simplesmente porque o mundo está melhorando.
Os dados são similares para outras variáveis como renda, turismo, democracia, acesso a educação, cuidados médicos e eletricidade, entre outros indicadores, que podem retratar a qualidade de vida nos diferentes países.
O ponto que o Hans vem defendendo nos últimos 20 anos é que 75% da humanidade não é pobre nem rica, e sim vive no meio desses extremos, e têm uma vida razoável. Ainda que existam extremos, a curva é acentuadamente para melhor.
Não está convencido ainda? Vamos finalizar com dois exemplos também interessantes.
Fonte: Livro Enlightenment Now: The case for reason, science, humanism, and progress – Steven Pinker
O gráfico acima demonstra que ao longo dos anos a curva da distribuição de renda mundial se arrasta da esquerda para a direita. Vemos que em 1975 a maior parte da população mundial estava em condições de extrema pobreza. Em 2015 a realidade é outra. A tendência é de melhora.
E se você pensa que o planeta vai ficar superlotado, e vamos exaurir todas as riquezas naturais para suportar tanta gente, eis outra boa notícia: A tendência do % de crescimento populacional é para baixo. Essa tendência indica que ainda aumentaremos a população durante vários anos, até que a curva começa a descer e a população começa a diminuir.
Fonte: Livro Enlightenment Now: The case for reason, science, humanism, and progress – Steven Pinker
Eu inseri os gráficos que mais me chamaram atenção. No livro do Steven Pinker há uma análise detalhada de cada uma das variáveis que podem ser consideradas para medir o progresso da humanidade. A conclusão é que vivemos num mundo melhor e nossos descendentes vão herdar uma realidade ainda melhor.
Procurei lhe trazer uma boa notícia para culminar o ano de 2018, desejando a todos um excelente natal e um 2019 auspicioso e próspero.
Nuno Figueiredo
Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.
Foto: Freeimages
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