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24/05/2018
“Uma certa família se formou quando o treinador da seleção brasileira anunciou os 23 jogadores que iriam jogar a Copa-2002. Luiz Felipe Scolari deixou de fora os bad-boys Romário e Dijalminha, e preferiu atletas menos polêmicos. Hoje, com o fim do Mundial, a família Scolari se desfaz, mas ficará sempre guardada a imagem de união que os jogadores passaram durante a competição”. Esta frase que li na folha de São Paulo de 30/06/2002 me marcou muito.
Na Copa de 94 eu tinha apenas 10 anos, e me lembro pouco do que ocorreu. Já na Copa de 2002 eu tinha 19 anos, e esta é a conquista de Copa do Mundo que tenho mais forte na memória. Além do jogo bonito, e do show a parte de Ronaldo e Rivaldo, o que sempre me marcou foi escutar a expressão “Família Scolari”.
Em 12 anos atuando na Signa fui integrante de alguns times, no início atuando como liderado e de uns anos pra cá como líder. Hoje coordeno a equipe que atende alguns Armadores, um segmento que a Signa lidera no mercado.
No ano passado enfrentei um grande desafio: liderar a implantação do nosso TMS num Armador. Foi um projeto muito ambicioso, pois o prazo almejado era de 6 meses. O desafio foi grande: substituímos dois sistemas de mercado, um deles de uma multinacional americana e outros sistemas satélites de menor porte. O nome que demos ao time no sistema de comunicação interno traduzia muito bem o espírito da equipe: “Sala de Guerra”. Em todo time que participo sempre me pergunto se ele se parece com a tal da Família Scolari.
Se minha experiência puder colaborar em alguma coisa, aqui vão algumas dicas para se criar times comprometidos e que podem, quem sabe, serem chamados de família.
As pessoas são diferentes, portanto, não ache que usar o mesmo método de comunicação com todos os membros do time vai funcionar. Estude como extrair o melhor de cada um dos membros do seu time.
Um time saudável possui alta colaboração. Seus membros se preocupam com os companheiros, pois se um membro do time evolui, é todo o time que evolui, e é preciso entender que o sucesso é coletivo.
Nem sempre um bom time é feito somente com os melhores atletas. Aqueles que desagregam, mesmo tendo ótimas habilidades, precisam entender que se não estão colaborando com o time, e se o comportamento persistir, não servem para compor o elenco.
Sempre que algo dá errado em alguma equipe que lidero, logo penso: o que estou fazendo de errado? Há líderes que depositam o fracasso nos membros de sua equipe, e pode até haver alguma verdade nessa afirmação, mas o primeiro a passar por uma autoanálise deve ser o líder. Ele deve entender se deu os requisitos necessários para que sua equipe desse o melhor resultado.
A honestidade é uma das formas mais eficazes de ganhar uma pessoa. Algumas vezes ela pode doer, mas o sentimento de que não há falsidade nas palavras faz as pessoas se comprometerem com você.
Um bom líder é, na verdade, um servidor de seu time. Ele tem de prestar serviços a seu time de forma que ele colabore com o crescimento pessoal e profissional de cada membro, mesmo que isso tenha que envolver algum esforço extraordinário, e a resposta da equipe certamente também será com esforços extraordinários.
Batalhe para que ambiente de trabalho do time seja agradável e não uma labuta diária.
Seja responsável por deixar as tarefas fáceis: se há algo que está impedindo o progresso do time, avalie a situação e entenda o que pode ser feito para facilitar o progresso.
Haveria outros tópicos a mencionar ou quem sabe poderíamos nos aprofundar em cada um deles, e não há uma fórmula mágica para transformamos equipes em “famílias”. Mas acho que as dicas expostas acima são algumas das que me orientam para chegar ao menos perto disso.
Eduardo Vasconcelos
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