Torcendo para o Jacaré

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Nuno Figueiredo

29 de dez de 2021

· 3 min de leitura

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Quando você assiste o Tarzan lutando contra o Jacaré você torce para quem? A grande maioria é a favor do Tarzan, mas sempre tem um infeliz que torce pelo Jacaré.

Sempre existe alguém que torce para tudo dar errado. Alguém que encontra prazer em ser o eterno advogado do diabo. Advogado sem causa e sem cliente. Parece que lucra algo com o seu pessimismo e tem enorme prazer quando suas profecias do Armagedon se concretizam. Sua frase favorita: “eu não disse?”. Ele não constrói. Sua obra é dinamitar as ideias e projetos alheios. Botar o dedo na ferida. Mostrar a deficiência e as falhas dos outros. Ele não realiza nada, só drena a energia ao seu redor.

Todo inicio de ano é marcado por uma onda de motivação. Por algum motivo, refazemos projetos e promessas. Esperamos que tudo seja melhor, mesmo que nada seja feito para mudar a realidade. Isto gera um otimismo contagiante. A esperança aflora e com ela o sentimento de que viveremos dias melhores.

E a crise? Ela existe, e é séria. Existe e requer alguns cuidados e atenção, mas não precisamos torcer pela crise. Todo dia temos várias notícias ruins e especialistas prometendo que o pior está por vir. A bolsa começou o ano subindo, e ouvi um especialista dizendo: “Vamos aguardar para ver se isto vai continuar ou é fogo de palha”. A venda de carros aumentou em dezembro em relação a Novembro, e com a palavra o analista: “Isso se deve ao otimismo gerado pelo Natal e fim de ano, mas em Janeiro...”.

Acho que muitos jornalistas torcem pro Jacaré. Não por maldade ou por serem pessoas negativas. A verdade é que a desgraça vende mais jornal e dá mais Ibope. Existem notícias boas e ruins. O segundo grupo é a esmagadora maioria. Tem uma rádio que tem um quadro chamado “a boa notícia do dia”. É isso mesmo: boa notícia virou raridade. Existem esforços inéditos, de vários governos para debelar a crise. As análises a respeito raramente são favoráveis. O Jacaré nada de braçadas em tempos de crise.

Essas notícias começam a contaminar o espírito das pessoas e das empresas. Gera uma espiral negativa, uma profecia da desgraça que se autorrealiza. É ai que os apóstolos do Jacaré entram em cena, divulgando, aumentando e distorcendo. Quanto mais apreensão, mais pânico, mais medo, mais feliz está o torcedor do Jacaré.

Cheguei a parar, provisoriamente, com um habito diário de ouvir noticias no rádio de manhã cedo. Estava me deixando de mau humor e estressado logo cedo. Mistura de trânsito com analistas reptilianos não dá, é melhor ouvir música, relaxar.

Se todos tiverem a certeza que virá o pior, irão imaginar coisas ruins e lentamente contaminarão as suas atitudes e ações.

Isso me lembra as palavras de um general aliado na segunda guerra. Quase no fim da guerra os alemães perderam boas oportunidades de causar um pesado revés ao inimigo pela apatia de seus líderes. Para eles a guerra já estava perdida, logo não faziam mais esforços e cometeram falhas inexplicáveis.

Não existe atualmente uma guerra perdida. Este ano não está perdido. Ele mal começou. E começou bem. Ele vai ser o que qualquer ano novo poderá ser para aqueles que gastarem tempo, energia e esperanças em um futuro melhor.

Vamos torcer pelo Tarzan!

 

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

Foto: Freepik

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Ultimos comentários

Adriano Lopes

Ótima abordagem sobre o assunto, parabéns!

Adalgisa Cecília Polari

"Cheguei a parar, provisoriamente, com um habito diário de ouvir noticias no rádio de manhã cedo. Estava me deixando de mau humor e estressado logo cedo. Mistura de trânsito com analistas reptilianos não dá, é melhor ouvir música, relaxar." Aproveitando suas palavras, sr. Nuno, também parei, não provisoriamente: Parei "per bene", como diriam meus ancestrais italianos. Parei para sempre. Não dá mais para aceitar tanta mentira com o propósito de infundir o terror, não simplesmente o medo. Nunca fui de torcer pelo jacaré, sempre admirei a valentia e a coragem de Tarzan. Amo apreciar a Justiça acontecer, mas Justiça, com "J" maiúsculo. Não tenho visto nada disso há muito tempo. Só vejo o pavor se espalhando e se multiplicando por todos os lados, insuflado pela mídia derrotista, ou paga para ser assim. Não acredito mais no que ouço nem no que leio. Por isso não vejo nem leio mais. Prefiro um belo DVD de ópera! Rossini, Verdi, Mozart tem sido meus companheiros nas horas em que o grande público está olhando a tela da tevê, estarrecido, de olhos esbugalhados diante das mentiras aterrorizantes. Torcerei sempre pelo "Tarzan", mas faço uma ressalva: Nas touradas torço pelo touro.

Nivaldo

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