O Joio, o Trigo e a Fátima Bernardes

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Nuno Figueiredo

12 de dez de 2008

· 3 min de leitura

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Recebi recentemente um e-mail com fotos exibindo a nudez da Fátima Bernardes, apresentadora do Jornal Nacional, no início de carreira. Acompanhando as fotos, um texto descrevia que o William Bonner, marido da Fátima, estava tentando obter na justiça uma liminar para impedir a publicação das fotos, mas era tarde, porque as fotos já estavam na rede.

Num processo viral, as fotos já correram o Brasil e eu cheguei a receber o mesmo material outras duas vezes, de fontes diferentes.

A dúvida que fica é: as fotos são reais ou é uma sósia?

Como já disse Stephen Kanits, em um artigo na Veja, vivemos na era da “desinformação”. O fenômeno da WEB 2.0 é o fermento desta nova era iniciada pelo conteúdo dinâmico da Internet.

Na WEB 2.0 o próprio usuário gera conteúdo. Fenômenos como a Wikipédia, dicionário alimentado pelos próprios usuários, é um excelente exemplo desta geração.

Os blogs se disseminaram como praga e temos as comunidades que fazem grande sucesso, principalmente no Brasil, como Orkut, Live Space e Facebook entre outros.

Com tanta fonte de informação, por que estamos tão desinformados? Porque existe muito material, a maioria, porém, de procedência e veracidade duvidosa.

Como separar o joio do trigo? Como saber se a informação sobre uma doença é confiável ou se alguém saiu colocando “achismos” que outros assumem como verdade?

Seja por ignorância ou por má fé, é impressionante o resultado que vemos originado por traduções mal feitas, cópias parciais e boatos, muitos boatos.

Outro dia li num site que o Phelps nadou o estilo mariposa. Já ouvi o Arnaldo Jabor na CBN fazer pelos menos três comentários sobre textos que ele não escreveu e que fazem sucesso na Internet. Sem paciência, ele comenta: “Você acha mesmo que eu escreveria uma porcaria dessas?”. O mesmo comentário já foi feito pelo Gilberto Dimeinstein, que desistiu de negar a autoria de textos a ele atribuídos.

Quer gerar um texto viral? Escreva algo engraçado ou polêmico (de preferência ambos) e insira a assinatura de alguém prestigiado no texto. Envie por e-mail para algumas pessoas. O falso vira verdadeiro e pronto!

Esse fenômeno não tem cura, tende a piorar pela facilidade e abrangência cada vez maior da rede mundial. O desenvolvimento de um senso crítico e de uma bagagem que permitam julgar e filtrar as informações recebidas será um diferencial essencial.

O pior disso é que começamos a duvidar até do que é verdadeiro, porque com tanta porcaria sendo enviada por e-mail, como saber?

O papel da mídia tradicional e a sua presença na rede tornam-se cruciais para termos um selo de qualidade na informação.

Outra opção é fazer uma pesquisa e tentar localizar a fonte da informação. Algo falso como as fotos que eu recebi não resistem a cinco minutos de procura.

Pelo menos a sósia da Fátima Bernardes é bonita como a original. Não posso dizer o mesmo de outras mensagens falsas que recebi.

 

Nuno Figueiredo

Diretor Comercial
Signa Consultoria e Sistemas

Foto: Freepik

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