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Um amigo resumiu bem como deve terminar uma questão insuportável: é melhor um fim horrível do que um horror sem fim.
Ele se referia a desavenças numa sociedade da qual ele se retirou por diferenças irreconciliáveis entre os sócios. Aliás, esta é uma das maiores causas de quebra de empresas.
Mas o conceito é mais geral, é a nossa persistência ou teimosia, como preferir, em continuar convivendo com situações, pessoas ou projetos cujos problemas procrastinamos em resolver de forma definitiva, na causa raiz.
Inclusive, esta á uma das maiores fontes de dor de cabeça e de manutenção em sistemas: não resolver a causa origem e ficar aplicando paliativos aos efeitos colaterais.
Eu lembrei de um episódio bem legal de Star Trek: "A Taste of Armageddon"
Abaixo um breve resumo do episódio:
Isso resume bem a questão. Duas civilizações tornaram a guerra “limpa”. Não havia mais bombas, destruição de prédios, sangue, pedaços de corpos e mortos para todo lado. O cidadão morto virtualmente caminhava para uma cabine onde seria pulverizado.
Eles tornaram a guerra suportável ao eliminar seus efeitos mais concretos, por isso mantinham a guerra de forma interminável.
Isso ocorre inclusive com a gestão do dinheiro. “O homem mais rico da Babilônia” é um excelente livro sobre gestão financeira. Uma das lições que ele ensina é o “pague-se primeiro”.
Basicamente este conceito ensina que em cima dos seus ganhos, você deve se pagar primeiro, antes de pagar outros compromissos, notadamente dívidas; serve muito para quem tem um negócio próprio, mas é também adequado para qualquer um que contraia mais dívidas que os seus vencimentos possam suportar.
Uma atitude normal nestes casos, é você cortar na carne em prol de pagar os outros. Você estica a corda e dá mais fôlego para a situação não se tornar insustentável. Até que você chegará no seu limite, e aí sem ter outra opção, você vai acabar fazendo o que deveria ter feito no início.
Neste caso a solução pode ser desde fechar o negócio, renegociar as dívidas, reestruturar os gastos, enfim, tem vários caminhos possíveis.
O pague-se primeiro ensina a não tornar algo suportável e, portanto, infindável.
É importante distinguir a necessidade de terminar logo uma causa perdida com a resiliência que temos que ter para seguir adiante, e atingirmos nossos objetivos.
Uma coisa é desistir sem lutar, sem correr atrás do que você acredita. A resiliência é uma das virtudes mais necessárias, porque as coisas que valem a pena normalmente requerem muito esforço e persistência. Outra coisa é ficar insistindo em causas perdidas, que não valem a pena.
Ou como bem disse o meu amigo, é melhor um fim horrível do que um horror sem fim.
Nuno Figueiredo
Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.
Foto: Freepik
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Ultimos comentários
Parabéns!
👏👏👏
Estou me tornando sua assídua litora e sinto-me bastante satisfeita com isso. Muito interessante esse texto. Ainda estou dando corda aos meus neurônios (os dois, Tico e Teco)para que me tragam à memória o episódio de Star Treck a que se referiu pois sou fã incondicional da primeira fase da serie. O que veio depois não gosto, mas os filmes da velha trupe sempre me cativaram. E lendo , pra começar, a definição de seu amigo, como não pensar também nos relacionamentos pessoais que não engrenam nem desenvolvem por tantas razões que, afinal, nem vem ao caso porque o fato é que aquelas duas pessoas não vão "dar certo" nunca mas insistem em se massacrar emocionalmente na tentativa vã de acertar os ponteiros.Ah, quantas histórias me vem à mente...