É sorte ou é trabalho?

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Nuno Figueiredo

08 de dez de 2021

· 4 min de leitura

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Aprendi esta com o Leonardo Miranda: “O escritor David Foster Wallace diz que é impossível sabermos a verdade, porque tudo o que vivemos e pensamos teve um protagonista, um filtro, que é nossa mente. Tudo o que você sabe sobre o mundo tem você como protagonista. Logo, é impossível não ter viés. Por mínimo que seja.”

É muito comum quando alguém é promovido ou valorizado, alguns comentários de como aquele cara tem sorte.

A verdade é que existem coisas que controlamos e as que não controlamos.

É simples assim. Só depende de nós os assuntos que estão no primeiro grupo,

o resto é destino, é Deus, é carma, ou é simplesmente aleatório.

Isso aconteceu em várias ocasiões ao longo da nossa trajetória na Signa. Quando apareceu a oportunidade de fazermos um projeto com o maior armador de Cabotagem do país, a nossa solução não estava pronta para tratar esse modal. Foi um desafio customizar o nosso TMS para o modal aquaviário.

Uma parte importante do processo foi o cliente acreditar que tínhamos o conhecimento e a capacidade de fazer este projeto. Por sorte, eu e meu sócio tínhamos acabado de fazer um curso de Logística Internacional. Isto facilitou muito as conversas. O nosso entendimento sobre os termos desse mercado foi bem visto. Não precisar explicar o básico para alguém, ajuda na seleção de um potencial parceiro.

Eu estaria mentindo se dissesse que isso foi um evento planejado. Entramos nesse curso pela crença que conhecer bem o mercado de Transportes e Logística seria importante, já que resolvemos focar a Signa nesse nicho. A gente não pensava no mercado aquaviário como alvo. Quando a oportunidade surgiu, nós fizemos o nosso melhor e pegamos o projeto. Hoje atendemos os três armadores que movimentam contêineres na Cabotagem.

Tem uma grande parte que é o acaso de um material nosso ter ido parar no TI desse armador, mas essa referência foi dada por alguém que acreditava que nós tínhamos um TMS que poderia ser adaptado para aquele modal. E tivemos muita sorte, é claro.

Este é o meu ponto. A sorte ajuda quem está mais preparado.

O que não significa que o fato de você se preparar vai garantir algo,

mas é sensato pensar que não fazer nada, ajuda menos ainda.

Veja o que ocorre com os formandos dos últimos anos. Quem concluiu a faculdade e vai ter o seu primeiro contato com o mercado de trabalho em anos de crise e pandemia, é certamente alguém que está largando com um viés negativo.

Isso não depende da qualidade do aluno, o quanto ele se esforçou no curso para ter mais bagagem na hora de entrar no mercado de trabalho. É simplesmente o acaso que gera menos oportunidades e bem na sua vez!

Outra coisa é você escolher uma carreira que tem um horizonte ruim. Isso depende totalmente de você. Há como estudar e se aconselhar para saber se esta ou aquela carreira tem maior ou menor potencial.

 Você pode querer cursar engenharia naval, por exemplo. Já na largada você tem que ter em mente que as chances de você ser contratado como engenheiro naval no Brasil são muito pequenas, para ser bonzinho. Se isso realmente te atrai, ok, um engenheiro sempre terá campo para migrar para outros mercados. O mercado financeiro e de TI são dois exemplos onde os engenheiros são sempre procurados e bem vindos.

Porém, se você se formar em engenharia naval, e entrar em depressão porque não arruma um emprego naquilo que você estudou, aí é outro papo.

Este tema me veio de tanto eu ler como o técnico Português do Palmeiras, o Abel Ferreira, tem sorte. Ganhou a final contra o Santos em uma jogada com o Breno Lopes que tinha acabado de entrar. E eis que o virado para a lua faz o bis e tem a sorte de colocar o Deiverson em campo na prorrogação. Aí ocorre uma falha bizarra bem na frente do Deiverson, e o rabudo do coach ganha mais uma Libertadores.

Sempre dá para achar que é sorte ser bi campeão do torneio

mais disputado da América do Sul. Você pode, por outro lado,

achar que o cara estudou pra caramba,

se preparou para encarar essa jornada, e também teve sorte.

Você pode ler a excelente análise do Leonardo Miranda sobre a sorte do Deyverson neste link.

Tem sempre várias formas de ver o mesmo fato. Já que não existe a verdade definitiva, como ensina o Wallace, você terá sempre duas escolhas: se lamentar por não ter sorte ou fazer a sua parte e contar que a sorte ajuda a quem está mais preparado.

 

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

Foto: Freepik

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