A mortalidade das Centrais de Frete

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Nuno Figueiredo

09 de abr de 2019

· 3 min de leitura

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É difícil saber qual será a trajetória de uma startup. O número de variáveis a serem analisadas tornam complexo prever quais irão vingar e quais irão ficar pelo caminho. Muito mais simples é olhar no passado e constatar o que de fato ocorreu.

Um amigo me enviou uma apresentação de tese feita em 2001 a respeito de Centrais de Frete na Internet. O trabalho é de 2001. Em determinado capítulo o autor disserta a respeito das Centrais de Carga existentes à época. São listadas 11 empresas, citadas como as mais relevantes do mercado à época. Algumas com respaldo de grandes empresas ou investidores.

Listo a relação abaixo. Dessas onze, somente uma ainda está ativa.

  • Bolsa1 (www.bolsa1.com.br)
    Tinha entre os acionistas uma subsidiária do Societé Generale.
  • BR Express (www.brexpress.com.br)
  • e-Deliver (www.e-deliver.com.br)
    Recebeu um investimento inicial de US$ 1 milhão.
  • Fretenet (www.fretenet.com.br)
    É a única que ainda existe, virou a FreteBras.
  • Maxlog (www.maxlog.com.br)
    Tinha como investidores o Grupo Martins, a ALL e o GP Partners.
    Investimento previsto na época de R$ 55 milhões.
  • MultiStrata (www.multistrata.com.br)
    Era uma S.A., tinha como investidor a Vale.
  • Ponto Cargo (www.pontocargo.com.br)
    Investidor Eccelera aportou R$ 5 milhões no projeto.
  • Portal dos transportes (www.transp.com.br)
  • Rodofretes (www.rodofretes.com.br)
    Investimento do Grupo Jabur Pneus que aportou US$ 1,5 milhão.
  • Via Katalyx (www.viakatalyx.com)
    Empresa do Grupo Telefonica.
  • Web Trans (www.webtrans.com.br)

A Portal dos Transportes é a única das que fecharam que mantém um site no ar. O site se resume a uma única imagem. O seu texto de despedida diz tudo:

“Somos somente mais uma. Segundo o IBGE, 341,6 mil empresas no Brasil fecharam as portas entre 2013 e 2016.”

Essa lista mistura empresas de todos os portes. Em vários casos o dinheiro para investir não foi o problema. Também o respaldo de já nascer com o apoio de uma grande estrutura também não fez a diferença. Empresas como Vale, Telefonica e Grupo Martins, além de fundos de investimento como o Eccelera, também não evitaram o fracasso do projeto.

Não conheço a trajetória dessas empreitadas para saber qual foram os motivos do projeto ter dado errado. Normalmente não é uma coisa só, é um conjunto de fatores. Não sei dizer também se os problemas são comuns, cada empresa tem a suas particularidades e a sua história.

Outra questão é que eram outros tempos. Uma solução Mobile disponível num Smartphone não existia nessa época, o que implica em investimentos maiores para atingir um número considerável de motoristas agregados e terceiros.

O que é fácil concluir é que se o negócio não está bem firme, uma crise prolongada se torna uma tempestade perfeita, que afunda muitos barcos que já não estavam navegando de vento em popa.

Somos, somente mais uma. Segundo o IBGE, 341.6 mil empresas no Brasil, fecharam as portas entre 2013 e 2016.

 

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

Foto: Hannes Egler

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Ultimos comentários

Rafael Talaia

ÓTimo texto, simples e direto.