A ignorância não é uma virtude

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Nuno Figueiredo

05 de mai de 2020

· 4 min de leitura

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Já li e ouvi muitos conselhos de como lidar com a crise do COVID 19. Um que está presente na maior parte das listas é: “se cuide e não fique ouvindo notícias demais a respeito. Isso gera pânico e ansiedade”. Não posso concordar com essa linha de raciocínio.

A figura abaixo ilustra bem o conceito. A ideia é se proteger, se resguardar e preservar um pouco de paz de espírito não se mantendo atualizado de cada nova notícia a respeito da crise.

 


E antes que você me diga: “mas a figura fala de notícias negativas, você pode consumir as positivas”. É meio Poliana demais para mim. Você também deve consumir pontos de vista positivos sim. Evitar os negativos, porém, é entrar numa bolha e enviesar o assunto.

Como tudo na vida temos o oito e o oitenta. Acho péssimo estar mal informado. Talvez seja totalmente desnecessário acompanhar a curva de infectados e mortos em tempo real. Há o meio termo, que deve ser mais saudável. Na dúvida, neste caso é melhor pecar pelo excesso do que pela falta. Mais informação é sempre melhor que a ignorância.

Lendo muita coisa a respeito do tema você pode até vir a ficar mais pessimista em relação a um futuro próximo. Nesse caso prefiro traduzir isto nas palavras do Adriano Silva:

“O problema do pessimismo é quando ele lhe imobiliza, e lhe impede de fazer as coisas que precisam ser feitas. Quando ele lhe tira a energia, e a capacidade de acreditar e de realizar”

Mas bem exercido, ser pessimista te ajuda a não viajar na maionese, voltando ao Adriano:

"O PESSIMISMO ESTRATÉGICO É UM CONSELHEIRO SENSATO, QUE AGREGA UM OLHAR CONSERVADOR"

Você pode beber direto da fonte. O artigo do Adriano no Projeto Draft está neste link (https://www.projetodraft.com/a-tremenda-importancia-de-ser-um-pouco-pessimista/).

Quando é necessário tomar uma decisão, é sábio reunir a maior quantidade de informações a respeito, porque isso vai te ajudar a tomar uma decisão melhor.

Se estamos falando de uma decisão estratégica, aí então nem se fala. Qualquer gestor deveria estar gastando grande parte do seu tempo avaliando cenários, e tentando entender como responder aos diversos cenários possíveis.

Como ninguém tem bola de cristal, você vai acabar tomando decisões baseadas no cenário que considerar mais provável. O tamanho do erro entre o cenário projetado e o que a realidade nos apresentar, pode ser fatal em tempos de uma crise desta proporção.

Isso pode gerar desde um grande desperdício de recursos até o fechamento do negócio. Não fazer nada também pode vir a ser contraproducente.

Eu procuro ouvir lives (a nova moda) de economistas, gestores, líderes de segmentos, para formar uma visão mais precisa do que nos espera.

E sim, ler muito material a respeito do vírus, seus efeitos, os avanços da medicina até aqui, estudos de entidades renomadas que sinalizam se isso vai passar em um mês, em seis, ou se veio para ficar.

Isso gera mais ansiedade? Talvez sim, mas nada me é mais paralisante do que ter a sensação de que não tenho um plano, uma estratégia, e que sou um barco a deriva a mercê dos ventos.

Como diria o ex-presidente dos EUA Barack Obama:

“Na política e na vida, a ignorância não é uma virtude”

“Não é legal não saber do que você está falando.”

Você pode ouvir este discurso do Obama neste Link (https://www.youtube.com/watch?v=0w5a1AbBFGw).

Esta é síntese deste post. Temos que diminuir a nossa ignorância no sentido literal da palavra, ou seja, diminuir nosso desconhecimento. Quanto mais soubermos a respeito, mais qualificada será a nossa visão, e menos erros de julgamento virão.

Você não precisa, e não deve saber, tudo a respeito de qualquer coisa. Não estamos falando aqui de virar um especialista em Origami, por exemplo. Porém em assuntos como a COVID, que tem um enorme, imenso, impacto na nossa vida e no mercado, a ignorância não só não será uma virtude, mas ela tende a ser muito prejudicial.

Por isso, neste caso, eu vou e aconselho a ir na direção contrária. Obtenha a maior e melhor visão possível a respeito dos rumos possíveis deste problema.

Termino com um conselho que recebi do próprio Adriano, quando conversamos a respeito deste momento: “Espere pelo melhor, prepare-se para o pior”.

 

Nuno Figueiredo
Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

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Ultimos comentários

Mateus Machado

Agradeço pelo post. Concordo plenamente. Ponto de vista super lúcido e alicerçado, algo raro atualmente.

Denise Tucciarelli

No início eu via toda e qualquer notícia, parei de ver qualquer coisa a respeito e cheguei nesse ponto de perceber que não era sensato ficar completamente sem informações. Agora, o que quero saber a respeito, busco na internet, sempre filtrando matérias de sites confiáveis. Procuro postar sobre o número de pessoas curadas, mais do que pessoas que perderam a vida para o Covid 19. Realmente, não dá para viver sem saber exatamente o que acontece e como proceder diante de uma pandemia.

Roney Dutra

Muito bom esse Post. Mas, mantenha o meio termo, pois a má informação é muito pior do que a falta de informação.