Mais Alguns Números

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Nuno Figueiredo

01 de mar de 2010

· 3 min de leitura

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“Em algum lugar do mundo, algum sortudo está tendo um enfarte neste exato momento”. Essa frase é do Jack Nicholson no filme “Antes de partir”, após passar mal ao sentir os efeitos colaterais de uma quimioterapia pós-operatória para tratamento de um câncer terminal. No contexto em que ela é dita, é engraçada, apesar do tema não ter a menor graça.

O medo de morrer de uma doença, seja ela qual for, é normal, apesar de haver uma estatística que indica, por exemplo, que no Brasil 46% da causa de morte entre os adolescentes é por homicídio, seguida por 25% de causas naturais e 23% por acidentes.

Volto ao tema porque escrevi a respeito da gripe suína no ano passado, onde comentei que achava os dados e notícias exacerbados, bem como o pânico que isso estava causando, fazendo pessoas sensatas cancelarem viagens e mudarem os seus hábitos em prol do medo.

Não que a doença não mate. É uma tragédia perder alguém querido, não importa se isto significa 0,001% da estatística. Para quem é atingido aquele caso é absoluto, mas se for colocado em perspectiva, o assunto talvez não faça jus ao destaque que teve.

Chamou-me a atenção uma notícia que li em Janeiro/2010. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estava sendo acusada de ter exagerado o alarme a respeito da gripe H1N1 favorecendo os fabricantes de vacinas.

Abaixo eu separei alguns trechos, que considero mais relevantes e acredito que os números falem por si.

Enquanto as farmacêuticas vendem muito, os governos europeus enfrentam críticas por terem comprado um número excessivo de doses, informa Luciana Coelho, correspondente da Folha em Genebra.

"A França, por exemplo, das mais de 90 milhões de doses que comprou, usou menos de 5 milhões. Isso tudo levou à desconfiança de que tem havido um exagero", comenta a jornalista neste podcast.

De acordo com a agência de notícias EFE, que cita analistas, as indústrias farmacêuticas ganharam cerca de US$ 7 bilhões com a pandemia da nova gripe.

Governos europeus têm sido criticados domesticamente após terem encomendado dezenas de milhares de doses de vacina e usado uma pequena fração do que compraram. Com os estoques cheios, muitos tentam revender o produto.

No Brasil, não há mudanças em relação às vacinas encomendadas: o país terá, ao todo, 83 milhões de doses.

Mas não tema, no inverno deste ano o assunto vai voltar e novamente alguém vai comparar o H1N1 com a gripe espanhola, que matou de 20 a 100 milhões de pessoas (ninguém tem o número certo) e o governo deve comprar lotes adicionais, já que somos 180 milhões de possíveis vítimas desse mal no Brasil.

Como ninguém sabe do que vai morrer, o jeito é tocar o barco e nesse assunto eu estou com o Jack Nicholson, se é para partir que seja de uma vez.

 

Nuno Figueiredo

Diretor Comercial
Signa Consultoria e Sistemas

Foto: Antes de Partir. Dir Rob Reiner, 2007

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