É Hora de Correr

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Nuno Figueiredo

17 de jan de 2011

· 4 min de leitura

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Na África, quando nasce o sol, o impala se levanta e começa a correr. Ele sabe que precisa ir atrás de comida e tera que correr mais do que o leão para não ser abatido.Nesse mesmo momento, o leão também se levanta. Ele sabe que precisa correr mais do que o impala para conseguir comer. A moral da história é que não importa se você é o impala ou o leão, se o sol apareceu, deve começar a correr.

Essa fábula retrata o que nos espera em 2011. Não importa que 2010 tenha sido um ano bom ou ruim, seja lá que resultado foi obtido, este já é passado e novos desafios se apresentam.

O fim do ano de 2010 foi o melhor da década para o varejo de alimentos paulista (segundo a Apas). No mesmo mês a venda de automóveis e comerciais leves bateu novo recorde histórico, fechando com chave de ouro um ano que foi muito promissor. As exportações brasileiras fecharam o ano com recorde histórico em 2010 de US$ 201,916 bilhões. O ano foi bom para o mercado e para as empresas em geral.

Para quem cresceu há a necessidade de voltar a correr? Acho que sim. Não é simples crescer e parece ser ainda mais difícil manter esse crescimento. O tamanho da estrutura a torna mais complexa. Vêm os ganhos de escala, mas também aparecem as dificuldades crescentes de gestão, planejamento e de disponibilidade de mão de obra.

Na opinião da presidente da Avon, Andrea Jung, publicada no jornal Valor: “Na medida em que você cresce, fica mais difícil manter o crescimento. Você precisa de uma mentalidade diferente, processos diferentes conforme a corporação se torna mais complexa.”. Ela sabe do que está falando, em 11 anos como executivo chefe, levou a Avon de US$ 4 para US$ 10 bilhões de faturamento.

O crescimento desenfreado pode até ser nocivo e pode vir a estrangular tanto uma empresa que ela vai do topo ao chão em queda livre.

Um exemplo disto é dado pelo Andrew Schmitt, diretor regional da América Latina da Crocs, que deu o seguinte depoimento ao jornal Valor, em 29/11/10: “Erramos a mão. Tínhamos uma estrutura enorme, com várias fábricas. O problema nem foi tanto a crise, mas a gestão interna mesmo. A produção era tanta que um ano após o fechamento das fábricas ainda havia estoque”. A Crocs teve um prejuízo de US$ 30,6 milhões em 2009. Fecharam fábricas no Canadá, Bósnia, China, Itália, Índia e EUA, entre outras nações. Voltou ao lucro após a reestruturação e em 2010, nos nove primeiros meses apurou US$ 63 milhões de lucro em 2010.

Às vezes a luz amarela acende antes do prejuízo realmente acontecer, foi o caso da maior fabricante de computadores do Brasil. O Hélio Rotenber, da Positivo, comentou também para o jornal Valor: “Nos últimos anos crescemos 108% ao ano, isso gera ineficiência. Quando passamos a crescer dois dígitos em vez de três, é preciso racionalizar”.

Se uma empresa não teve uma boa performance em 2010 a mesma tem uma lição de casa maior para fazer. Independente de qual o patamar obtido de crescimento eu busquei três exemplos diferentes de como uma empresa pode ser impactada pelo crescimento. Desde o crescimento sustentado e positivo ao longo de vários anos, passando pelo crescimento exagerado, seguido de uma reestruturação até o crescimento nocivo, que leva uma empresa do céu de brigadeiro para o vermelho no resultado.

A conclusão é que não importa o seu desempenho e quem você foi em 2010, se você é o leão ou o impala da história. Começou um novo ano e temos que começar a correr.

Um excelente 2011 para todos e bons negócios.

Nuno Figueiredo
Diretor Comercial
Signa Consultoria e Sistemas

Foto: Nicolas Raymond

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