Apenas Números II

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Nuno Figueiredo

31 de jul de 2009

· 3 min de leitura

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"Parece que foi só você escrever que andar de avião era seguro, que as aeronaves resolveram despencar". Recebi esta mensagem em retorno a News "Apenas Números", onde comentei que apesar do meu pânico de voar, este é um meio de transporte seguro. Aceitei a provocação e resolvi abrir um pouco mais o tema, afinal, desde aquela News, caiu um avião na África e outro no Irã.

No primeiro, milagrosamente, tivemos um sobrevivente, uma adolescente. No segundo, não sobrou ninguém para contar a história.

Estamos num ano atípico para a Indústria da Aviação. Neste ano já caíram 12 aeronaves de grande porte. No caso mais feliz, nos EUA, o piloto fez uma incrível aterrissagem sobre as águas e todos sobreviveram.

Este estranho fenômeno está contribuindo para um aumento do custo de seguro das companhias aéreas e aumento das exigências de manutenção, o que também gera aumento nos custos.

Como você sabe, a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Um acidente aéreo significa, além das perdas de vidas, um impacto forte na receita e na rentabilidade de uma companhia aérea, e pode repercutir no mercado como um todo. Nenhum acidente é mais investigado do que o de um avião. É uma busca incessante para aperfeiçoar constantemente o sistema e para que um determinado problema nunca mais se repita. Este processo dá, cada vez mais, segurança aos passageiros e tripulantes.

Fora o custo de aquisição da aeronave, os maiores custos de uma companhia aérea são, na ordem: manutenção, combustível e seguro. O seguro é caro porque as indenizações são milionárias. E o seguro é feito porque o risco está sob controle. Não se engane, se o risco não for administrável, não haverá seguradora interessada em participar da encrenca.

A manutenção de uma aeronave segue normas internacionais e são acompanhadas de perto por entidades internacionais e pelos fabricantes, também muito interessados em identificar possíveis problemas e não ter a sua reputação manchada por problemas gerados por terceiros.

Sendo a manutenção um custo tão alto, é possível supor que, em caso de aperto no caixa, uma companhia aérea poderia relaxar um pouco nas exigências para economizar? Para a grande maioria das empresas a resposta é um sonoro nunca, jamais! Para uma minoria, infelizmente, isto ocorre. Quer saber quem faz isto? Faça uma consulta nas empresas que têm restrições de voar em alguns lugares onde a exigência é extremamente rigorosa como a Europa e EUA. A empresa de aviação do Irâ, por exemplo, não pode voar para a Europa. Se invadir o espaço aéreo, a aeronave será apreendida.

Porque um avião cai? Segundo um estudo do ACRO (Escritório de Registros de Acidentes Aéreos), pelos seguintes motivos: erro humano (67,57%), falha técnica (20,72%), mau tempo (5,95%), sabotagem (3,25%) e por outras causas (2,51%).

Ainda assim, voar é extremamente seguro. Quem sabe como anda a frota de caminhões no Brasil e em que condições de manutenção e segurança os caminhoneiros independentes viajam pelo país, nunca deveria dirigir a noite nas estradas e nem se preocupar com o avião. Somente no feriado de 9 Julho morreram 32 pessoas nas estradas brasileiras.

Para você ter uma idéia, a taxa de perda de aeronaves da United Airlines, num período de 10 anos, de 1988 a 1998, foi de 0,27 por um milhão de partidas, o que significa perder um avião a cada 4 milhões de vôos. Concluindo, mesmo com a minha aversão natural, eu continuarei voando. E compartilho com vocês uma piada que recebi: "Porque eles não fazem o avião com o mesmo material usado na caixa preta?"

 

Nuno Figueiredo

Diretor Comercial
Signa Consultoria e Sistemas

Foto: Smit Patel

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