Um Novo Olhar Sobre a Redução de Custos

As ordens de redução de custos disparam a suspensão dos cafezinhos, a vigilância redobra sobre o consumo de material de escritório e proíbe-se expressamente as conversas telefônicas. A paranóia se instala. Os colaboradores perdem o pique. Os clientes, ao perceberem a mudança de clima, começam a olhar desconfiados.

Existem empresas, contudo, que preferem apostar no aumento de sua eficiência e produtividade para conseguir redução de custos. Na maioria das vezes, a ousadia se paga e permite que se divida os ganhos com os clientes, melhorando o clima interno e externo.

Conheço uma transportadora que percebeu que em uma operação de distribuição os veículos saíam de manhã e retornavam por volta das 15h00, fazendo apenas uma rota diária.

Após uma análise detalhada, a direção da empresa descobriu que o horário da última entrega acontecia entre 11h00 e 11h30. Os motoristas adotavam um almoço longo, com direito a um belo cochilo, e retornavam à empresa às 15h00.

Com esta descoberta, os veículos passaram a retornar por volta das 13h00 e realizaram duas viagens por dia. Dobraram a eficiência usando os mesmos recursos: veículos e motoristas.

O resultado foi surpreendente. Aumento direto na receita sem impacto nos custos diretos, o que permitiu que o reajuste do preço do diesel não fosse repassado para o preço do frete. Ganharam o transportador e o cliente.

A redução de custos obtida só foi possível em função da atitude da empresa que investe com convicção em tecnologia para gerenciar a movimentação de seus caminhões. Descobriu e colocou em prática, aparentemente, o óbvio. Ou seja, que é possível cortar custos com aumento de eficiência e de produtividade.

Esta transportadora tem uma taxa de crescimento bem acima de seus concorrentes, nos últimos cinco anos. Também pudera, com sua atitude que aposta na criatividade para passar ao largo da crise, a empresa está sempre a dois passos à frente de seus concorrentes.

E o mais interessante é que esta transportadora mantém sua eficiência e lucratividade. Continua a oferecer cafezinhos para seus clientes e a dividir boas notícias por telefone. Talvez seja por isso que agrada tanto.

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

Foto: Freepik

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