Tempos Velozes

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Nuno Figueiredo

26 de jun de 2009

· 3 min de leitura

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Tempos Velozes
agilidade
rapidez
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Você lavaria o seu carro em um lava-lerdo? Com esta provocação, Mário Sérgio Cortela indica que os tempos mudaram e agora a onda é a velocidade. Em seu texto "tempos velozes", (do livro Qual é a tua Obra?), ele sentencia que a novidade não é a mudança, porque o mundo sempre mudou. A novidade é a velocidade da mudança.

O mundo está mais acelerado. Vince Poscente garante que estamos na era da velocidade. Em seu livro "The Age of Speed", ele nos apresenta uma nova realidade, onde as pessoas irão preferir produtos e serviços que as faça perder menos tempo e lhes dê maior velocidade.

Um exemplo de um produto cujo apelo está na velocidade: o sem parar, que permite passar direto nas praças de pedágio e entrar e sair do shopping center sem precisar pegar um ticket e, mais tarde, encarar uma fila para pagar pelo estacionamento.

O mundo descrito por Vince está a nossa volta. Desde o cardápio fast food até a nossa tolerância cada vez menor com a perda de tempo. Tudo é urgente, tudo é para ontem. Vivemos, cada vez mais, com a sensação de que estamos precisando recuperar algum prazo e como diria o Galvão Bueno, precisando "correr atrás do prejuízo", quando seria mais sensato correr atrás do lucro.

Tenho, cada vez mais, a sensação de que o tempo voa. O ano mal começou e já estamos em Junho. Daqui a pouco é Natal de novo. Eu sinto que o tempo entre um Natal e outro está encolhendo ou simplesmente estamos indo mais rápido. O mundo está mais eletrônico e mais tecnologia significa mais velocidade. Será que estamos preparados para esse realidade?

No filme Click, Adam Sandler ganha um controle remoto que lhe permite acelerar o tempo, pular momentos indesejáveis e ir logo para o resultado. Ele acaba descobrindo que acelerar demais a vida não é um bom negócio, porque o resultado final é sempre a morte e em última análise, não estamos aqui para chegar ao nosso indesejável destino e sim para aproveitar, e muito a viagem.

Certamente poucos fariam a opção pelo lava-lerdo, mas será que sempre o mais rápido é o mais recomendado?

Agir sem planejar e ir acertando o rumo do barco ao sabor das ondas e do tempo, também não parece ser uma estratégia adequada.

O Cortela lembra dois personagens bem expressivos do livro "Alice no País das Maravilhas" que, segundo ele, nos ajudam a entender os tempos atuais. O primeiro é o coelho, que como nós, está sempre correndo, sempre olhando o relógio e sempre reclamando "estou atrasado, estou atrasado". O segundo é um gato, que aparece e desaparece. Há uma cena em que a Alice, perdida, pergunta ao gato: "Para onde vai esta estrada?" o gato responde: "Para onde você quer ir?" Ela diz: "Não sei, estou perdida." O gato finaliza a conversa: "Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve...".

Nuno Figueiredo

Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é um dos fundadores da Signa, onde atua desde 95. Entre outros defeitos, jogou rúgbi na faculdade, pratica boxe e torce pelo Palmeiras.

Foto: Freepik

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