Quero Ser Grande II

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Nuno Figueiredo

11 de set de 2009

· 4 min de leitura

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empresa
grande
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Existe um limite para o tamanho de uma empresa? Existe algum patamar de crescimento que configura o teto máximo a partir do qual não ha mais crescimento? As empresas, assim como os seres vivos, nascem, crescem e perecem. Isto vale para empresas, impérios, nações e para as espécies. Quando olhamos o tamanho de algumas corporações é inevitável supor que tamanha estrutura nunca cairá. Existem multinacionais que estão presentes nos quatro cantos do globo, com orçamento maior que o PIB de vários países.

Estas megas corporações assustam tanto os governos que estes criaram leis que limitam a capacidade de atuação e crescimento de uma empresa. A chamada "Lei Antitruste" que norteia o que pode e o que não pode ser feito por uma empresa na sua busca de crescer e dominar um mercado. No Brasil este órgão se chama CADE e ele tem uma atuação, no mínimo, tímida, quando comparada com seus pares no exterior.

Quem acompanhou a trajetória da IBM, sabe que a mesma foi, por diversas vezes, alvo de ações Antitruste. A ATT idem. Um exemplo mais recente é a Microsoft, que costumeiramente aparece no noticiário internacional como ré em alguma ação Antitruste nos EUA ou na comunidade européia. A origem do problema é sempre a mesma. A empresa usa a sua força desproporcional para impor algo ao mercado em condições específicas que não permitem a concorrência de atuar e em alguns casos de existir.

Seja por meio da venda casada, pela compatibilidade, por imposição comercial ou por qualquer outro meio, a mega corporação oferece vantagens ou empecilhos que tornam impossível a existência de uma concorrência saudável. Isto leva ao monopólio, onde uma única empresa determina a oferta e controla o preço e, portanto, a demanda. Esta é a melhor situação possível para um negócio: a ausência de concorrência. No entanto, para o mercado, para a sociedade e para o cidadão comum, isto é péssimo.

Quando ha apenas um provedor, não há escolha, não há negociação e normalmente, não há evolução no produto ou serviço oferecido. Pesquisa e desenvolvimento custam dinheiro e como não há outra opção, para que investir para melhorar? É por isso que ainda temos no Brasil um combustível tão poluente que fez a Petrobrás perder o selo de empresa sustentável na Bolsa. Porque gastar milhões para melhorar algo que terá o mesmo volume de vendas?

A concentração de qualquer mercado diminui as oportunidades de consumidores e fornecedores. Um conhecido me contou uma história que ilustra bem este processo. Ele tem uma empresa de software que tinha entre outros clientes três grandes bancos, que vamos chamar de banco A, banco B e banco C. Estes três clientes representavam quase 80% da receita. Um certo dia, o banco B comprou o banco C. O meu amigo ficou com dois grandes clientes, até que o banco A comprou o banco B e ele ficou com apenas um grande cliente. E a receita caiu de forma proporcional. Pouco tempo depois o banco A chamou a empresa de software para renegociar o contrato, que foi considerado caro.

É isso. Sem ter nenhuma participação direta nos fatos, nem contra, tampouco a favor, uma empresa tem um mercado menor, uma carteira mais magra e um cliente com maior poder de negociação, por sua maior envergadura. E tente dormir com um barulho destes.

Existem corporações que tem mais de um século de existência. Elas têm uma fórmula da longevidade, mas mesmo para este seleto grupo não existe o elixir da vida eterna. Da mesma forma que vemos empresas fazendo fusões e aquisições, vemos gigantes vendendo várias empresas que de uma hora para outra não são mais parte da estratégia ou do foco.

Enquanto os números apontam para cima, é só alegria. Após alguns exercícios no vermelho, começa a reestruturação e o declínio. É parte do ciclo. Como ensinou Sun Tzu, na Arte da Guerra, é caro manter um exército e é mais caro ainda manter uma guerra. Há sabedoria no ditado que diz: quanto maior o tamanho, maior a queda.

 

Nuno Figueiredo

Diretor Comercial
Signa Consultoria e Sistemas

Foto: Matthew Kane

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