Quero Ser Grande

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Nuno Figueiredo

04 de set de 2009

· 3 min de leitura

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Crescer já foi uma meta corporativa. Virou uma necessidade. Talvez a esfinge do Egito tenha mudado a sua frase para “cresce ou devoro-te”. Parece que atualmente é necessário crescer, para às vezes, ficar do mesmo tamanho, ou seja, manter a mesma posição e relevância no mercado.

E as fusões e aquisições estão cada vez mais presentes, assim como o divórcio. Não é mais uma novidade, é algo cotidiano, com o qual temos que conviver.

A Perdigão comprou a Sadia e virou a BR Foods. O Itaú Unibanco fez uma fusão com a seguradora Porto Seguro, e no nosso mercado favorito, o de transportes e logística, a Zatix comprou a ControlSat, apenas para citar alguns casos recentes.

Aonde nós vamos parar nessa toada? Parece que vão sobrar somente duas empresas de cada segmento no mercado. Será que estes gigantes vão dominar quase 99% do mercado e permitir a existência de micro empresas que vão disputar os 1% restantes?

A Lei da divisão, de Al Ries e Jack Trout, diz que a cada tempo uma categoria se divide em duas ou mais categorias e o mercado se expande. Por exemplo, o computador virou uma divisão entre o computador de grande porte e pessoal. Isto evolui e temos o supercomputador, o mainframe, a estação de trabalho, o notebook, o netbook, o palmtop e por ai vai.

Em transportes, temos a carga seca, a granel, carga líquida, transporte de container, de produtos perigosos, de carga aérea, internacional, de eletrônicos, de lixo, de carga frigorificada, entre outras categorias e nichos. Não conheço nenhuma empresa que atue em todos os segmentos acima citados.

O mercado se expande e gera uma grande dificuldade para alguém manter o controle sobre todas as categorias, e não raro, isto faz a empresa que insiste em liderar em todas as frentes a entrar em colapso. A própria IBM já não fabrica mais computadores pessoais e vendeu a sua divisão de notebooks. Ela se reinventou e virou uma empresa de serviços, porque no ramo dos computadores, mesmo sendo um gigante, não agüentou a concorrência.

Outro exemplo é a Microsoft. Na sua estratégia de ser a líder, ela compete pelo sistema operacional, pelo Browser, pelo padrão para videogames, pelo sistema operacional para celulares, pela ferramenta de busca e assim por diante. A cada dia surge uma categoria nova, onde a Microsoft tenta manter a liderança e notoriamente em Redmond a luz amarela já está acesa há algum tempo.

O Windows Vista não gerou os resultados esperados. O Google lidera em buscas há muito tempo e começa a incomodar em outras áreas. Nos celulares, o Windows Mobile não vai bem, entre outros problemas. As frentes de batalha se multiplicam, os problemas também. O tamanho é uma vantagem, mas gera falta de foco, dificuldades de gestão e normalmente um processo de decisão mais lento, e a velocidade é uma arma poderosa.

Ser grande ajuda, mas não é uma garantia de sucesso. O fato é que olhando a lista das maiores empresas de 20 anos atrás, das 500 maiores da Fortune, é fácil verificar que muitas empresas enormes deixaram de existir.

Isso me lembra outra lei de Ries e Trout chamada de a "Lei do Sucesso": Com freqüência, o sucesso leva a arrogância e a arrogância leva ao fracasso.

 

Nuno Figueiredo

Diretor Comercial
Signa Consultoria e Sistemas

Foto: Simone Hutsch

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