Os Quatro Dês do Aurélio Miguel

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Nuno Figueiredo

13 de ago de 2009

· 3 min de leitura

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Aurélio Miguel
judô
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Assisti há alguns anos uma marcante palestra do judoca Aurélio Miguel para crianças que iniciavam no esporte que o consagrou. O Aurélio Miguel, como você sabe, foi campeão mundial de Judô e obteve uma medalha de ouro nas Olimpíadas, entre outros feitos na sua carreira esportiva.

Achei muito interessante a receita dele para chegar ao topo e ser o campeão do mundo: os quatro Dês. Ele resume a sua trajetória à determinação, dedicação, desprendimento e disciplina.

Ser um atleta olímpico já é um feito e tanto. Tem que começar cedo, e estar entre os melhores é uma escolha. Você escolhe o seu caminho e a sua determinação será fundamental para perseverar ou desistir. Como em várias outras atividades pessoais ou profissionais, nem sempre o esforço gera um resultado visível. Normalmente se gasta muito tempo para se fazer pequenos e constantes progressos. A excelência é um trabalho árduo e constante.

A dedicação é fundamental. Várias horas de treino diário, alimentação equilibrada. É toda uma vida regrada e programada para atingir um objetivo. É ai que entra o desprendimento. Você abre mão de noitadas, fins de semana, férias e de muitas outras oportunidades em prol do seu sonho. Obviamente tem que gostar muito, mas isso não é o bastante. Não faltam alternativas e caminhos mais fáceis à disposição.

Por último ele comentou a disciplina. Você sabe qual é o seu objetivo, sabe o que precisa fazer para atingir. Tem as metas intermediárias, o professor, a academia, a dieta, enfim, só falta fazer. E o diabo está nos detalhes. É acordar cedo todo santo dia. É treinar muitas horas. São muitos hematomas e frustrações pelo caminho. Não é fácil. É para muito poucos, que unem o talento, a aptidão natural a uma força interior que os faz alcançar resultados superiores. Fácil de descrever, muito difícil de executar.

Algo que me chamou atenção na história dele é que houve muito pouco apoio, patrocínio e até gente que acreditasse nele. Ele comentou que no vestiário, poucas horas antes de disputar o título mundial, o presidente da confederação brasileira foi dar apoio a ele e disse que não importava o título, que ter chegado ali já era inacreditável. Em vez de ser motivado para a vitória, ele estava sendo preparado para a inevitável derrota.

Quando ele venceu a luta final e se tornou campeão mundial, a surpresa foi geral e não havia sequer o hino nacional à disposição. Ele se recusou a receber a medalha se não tocassem o hino. A situação foi resolvida com a delegação cantando o hino em substituição ao CD que não existia.

Hoje vivemos tempos mais velozes e imediatistas. Queremos o regime que funciona em três dias, o curso de idiomas em um mês, o curso superior em apenas dois anos, e por aí vai. Às vezes temos a estratégia correta e precisamos simplesmente perseverar. Ter resiliência. Persistir até sair do outro lado. Impedir que problemas e percalços não nos impeçam de alcançar os nossos sonhos. Fazer e comemorar os pequenos progressos, fazendo sempre o nosso melhor.

Mesmo que em alguns momentos isto pareça não surtir efeito, como ensina o Aurélio Miguel, vale a pena. É como dizia o Fernando Pessoa: "Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena".

 

Nuno Figueiredo

Diretor Comercial
Signa Consultoria e Sistemas

Foto: Joshua Jamias

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Ultimos comentários

Ricardo Prates Ugefison

Aurélio NUNCA ganhou o mundial adulto de judô. Só faltou esse título.