No velho Oeste americano, o forte foi cercado a noite por cerca de 500 índios, que urravam, faziam fogueiras e simulavam ataques para aterrorizar os cerca de 1000 soldados que estavam de prontidão.
O general ordena o envio de uma pequena patrulha para saber quantos índios estavam cercando o forte. Sai um sargento com 10 homens na escuridão para executar a missão. Lá fora o sargento pergunta:
- Será que são mais de mil? Pelo barulho que eles fazem devem ser uns mil índios.
O cabo responde:
- Pelo número de fogueiras que eles fizeram são no mínimo dois mil índios.
Um recruta comenta:
- Sei não, para mim, pelos tiros disparados, devem ser uns três mil, se não forem mais.
Nervosos, eles avançam e encontram um pequeno grupo de seis índios, que estavam bêbados de tanto tomar água de fogo e imediatamente eles capturam o grupo, que não ofereceu nenhuma resistência, e voltam correndo para a segurança do forte.
Ao entrarem com os prisioneiros, o general pergunta:
- Sargento, quantos índios?
- 5006 senhor! - responde o sargento.
- Sargento, como você chegou nesse número?
- Bom General, pelo barulho, pelo número de fogueiras e pelos tiros que ouvimos lá fora, deve ter uns 5000 índios. Com estes seis que capturamos, chegamos em 5006 índios.
Esse é um dos métodos estatísticos mais utilizados que eu conheço. O método que eu apelido de “5006 índios”. Quantas pessoas estão contaminadas pela gripe? Quantas pessoas morreram de gripe comum no ano passado? Segundo o Ministro da Saúde, mais de 70 mil. Quando este número é verificado no detalhe, nota-se que somaram os óbitos causados pela gripe, pela pneumonia, pela bronquite e por outras doenças pulmonares como o enfisema.
Quer outro exemplo? A OMS estimou em 2 bilhões de pessoas, o número total que será contaminado pela pandemia da gripe A. Não fui verificar como eles chegaram neste número, mas desconfio que algum parente do sargento da história acima participou do cálculo.
Este método contamina algumas empresas também. Às vezes, é gerado um número desprovido de qualquer razoabilidade, que não resiste a uma análise ou critica mais apurada.
É importante não confundir uma aproximação ou um resultado parcial com um número furado. Em termos gerenciais você pode usar números ainda não fechados e ter um norte, ao invés de esperar pelo fechamento contábil, que será o mais preciso. Alguma imprecisão não faz diferença e é até saudável para se tomar decisões de forma mais rápida.
Um gestor prefere um número estimado ao invés de trabalhar no escuro sem número algum. Um exemplo me foi dado pelo meu amigo Frank Woodhead, quando ele comenta: “Prefiro estar mais ou menos certo, do que 100% errado". Eu concordo, desde que esse número não seja produzido pelo método “5006 índios”.
Nuno Figueiredo
Signa Consultoria e Sistemas
Diretor Comercial